Lançado
em 1954, rendeu posteriormente o Nobel de Literatura a seu autor, em
1983. Conta a história de um grupo de jovens que se vêem obrigados
a viver de modo selvagem quando o avião em que estavam cai em uma
ilha do Pacífico. Claramente uma alegoria social e moral, tem cada
personagem muito bem definido em suas características.
Ralph,
por ter sido escolhido pela maioria e por pensar no bem de todos,
representa a democracia. Já Jack, seu "rival", representa
com sua ânsia selvagem pela caça e falta de ordem, o animalismo que
muitas vezes impera na sociedade atual. Porquinho, por outro lado,
representaria a ciência, independente da opinião e alegria dos
outros, com seus óculos representando a utilidade da ciência,
constantemente usurpada por outros grupos. Os caçadores, que olham
para Jack como líder em vez de Ralph, são uma alegoria ao exército
brutal.
O
bicho mencionado no livro, que reconhecemos como O Senhor das Moscas,
é uma objetivação do mal em um ser, e além desse ser, presente em
cada indivíduo (evidente em Simon), gerando medo e insegurança na
primitiva sociedade descrita no livro. Os pequenos são um perfeito
exemplo do povo, que se deixa governar sem interferir nas decisões,
mas assistindo tudo e achando bonito enquanto isso os apetece. Quando
as reuniões perdem seu "charme", há uma debandada
descontrolada desses pequenos, que vão brincar na ilha sem se
preocupar com nada ou trabalhar.
É
o tipo de livro que não se pode resumir em um pequeno texto como
esse, pois as alegorias estão presentes em todos os personagens, na
relação entre eles e há casos de haver mais de uma em um mesmo
personagem (por exemplo, Jack representa ao mesmo tempo o animalismo
e o totalitarismo), podendo gerar discussões sem fim. Uma leitura um
pouco pesada, com certeza, pois a linguagem é um pouco densa e as
descrições são muito ricas, o que enriquece o texto mas traz
consigo um tom monótono, que pode ser deixado de lado com uma boa
imersão na obra. Um livro para ler, indicar e discutir várias vezes
durante a vida.