A grande obra de ficção de Hemingway, que lhe trouxe a fama
necessária para ganhar em 1954 o Nobel de Literatura. Não conheço nenhuma
pessoa que, ao acabar o livro, não passe algum tempo com ele na cabeça. Isso
acontece devido ao talento do autor em colocar o leitor dentro do
livro, ao ponto de "sentir as feridas do velho na mão e estar tenso com
todo o esforço para não perder o peixe".
Um pescador
experiente, mas que não possui nada além de sua sabedoria silenciosa. Pode ser
o melhor jeito de descrever o personagem principal, que no momento em que a
história se passa atravessa uma maré de muito azar com a pesca. Até mesmo seu
ajudante, Manolín, foi trocado de barco por seus pais para não
"pegar" o azar do velho. No livro, Santiago vai até onde poucos
pescadores conseguem ir para tentar pegar um peixe grande. E consegue, mas o
trabalho de pescá-lo dura dias, trazendo a fadiga, a fome e muitas reflexões da
parte do pescador (que nós podemos mesmos refletir muito). Qual a diferença
entre ele e o peixe que quer pescar? Porque ele, tão mais feio, merece viver mais
que o animal? Ele começa a considerar sua presa como um amigo, um companheiro.
Não podemos nós tratar assim nossas metas? O desfecho do livro é sem dúvida
nenhuma muito triste, contrariando a lei do "felizes para sempre",
mas a dor também ensina e o que não falta nesse livro é dor. Podemos ler o
livro como distração ou passatempo, mas o verdadeiro aprendizado na literatura
consiste em "tomar as dores" de Santiago e tentar trazer algo de bom
para nós mesmos. Para finalizar, a relação do velho com o mar (que pode ser
tomada como nossa relação com a vida) é uma relação romântica, preferindo
chamá-lo "La Mar", no feminino, em vez do habitual "El
Mar", como é chamado por quem tem medo da suas ondas e não consegue
entender que nelas está a sua beleza.
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